
É ingenuidade pensar que aquilo que entra pelos nossos olhos e ouvidos não deixa marcas. Cada vídeo assistido, cada palavra ouvida, cada imagem rolada sem pensar — tudo isso vai moldando, pouco a pouco, quem você se torna. Vivemos na era da superexposição. O excesso é constante: notícias, ruídos, opiniões, entretenimento, escândalos. E o pior é que não percebemos o efeito disso até que o dano já esteja feito: Ansiedade crescente. Incapacidade de foco. Incômodo com o silêncio. Vício em distrações vazias. Os vídeos curtos, por exemplo, são o símbolo perfeito dessa nova lógica: Conteúdos rápidos, descartáveis, viciantes. Eles capturam a atenção não pela profundidade, mas pela intensidade. O cérebro, bombardeado por estímulos, aprende a rejeitar tudo o que exige mais do que 15 segundos de esforço. A concentração morre. A leitura se torna difícil. A contemplação, insuportável. Você é o que consome. Você se torna aquilo que escolhe ouvir, ver, repetir. E se tudo o que entra em você é ruído, distração e superficialidade… é isso que começa a transbordar. Vivemos, então, uma epidemia do barulho. Uma epidemia da distração crônica. E talvez o maior desafio hoje seja resistir — recuperar o silêncio interior, cultivar atenção de verdade, nutrir-se de conteúdo que constrói, e não apenas entretém. Porque o que parece inofensivo, com o tempo, redefine quem você é.